Arte-Sacra, a entrevista

por Paulo Trindade

Os Arte-Sacra ressurgem após algum tempo de indefinições com uma nova formação e com um trabalho de de Death Progressivo de óptima qualidade. Fábio Conceição conta-nos a “Formula” para a força que a banda demonstra.

De “The Infinite Law” em 2004 até à edição de “Formula” passaram mais de 3 anos. De permeio houve uma renovação do line-up da banda. Queres nos contar como foram passados estes anos e como se processou a renovação da banda?

Estes anos foram passados em composição e trabalho de adaptação entre os novos membros de Sacra. Desde o inicio deste projecto até 2005 a banda passou por algumas alterações de line-up o que, inevitávelmente, atrasou a composição de temas e consequentemente o lançamento do “Formula”. O processo de entrada de novos elementos foi simples e directo. Na altura a banda estava reduzida a uma guitarra/voz e um baixista e, através dum anúncio colocado pelo Hugo, eu tive o primeiro contacto com o som da banda. Nessa altura eu estava formar um projecto com o Jorge (baterista) e falei com ele no sentido de fazer a audição para Sacra comigo. Apesar deste 2 em 1, uns meses mais tarde sofremos nova baixa e tivemos que procurar novo baixista. Conheci o André através de amigos, fiz-lhe o convite e ele aceitou.

“Formula” é o resultado do trabalho de 2 anos. Porquê tanto tempo?

Os dois anos são resultado de várias alterações no line-up da banda. Quando entrei para Sacra o álbum estava praticamente composto e as músicas estavam em cima da mesa. Inevitavelmente, com a entrada de novos elementos, fomos aprendendo e alterando os temas iniciais o que, por si só, causou um atraso nos planos de lançamento do álbum.

Este trabalho foi gravado nos Jap Estúdios, produzido pela própria banda e masterizado na Holanda por Jochem Jacobs, certo? Como se desenrolou este processo?

Os ensaios eram realizados nos Jap Estúdios e foi-nos proposto a gravação do álbum com eles. A banda concordou e seguimos com esse plano. Depois de alguns concertos fomos tocar ao SWR Barroselas metalfest onde conhecemos os Textures pessoalmente. Eles disseram-nos que tinham um estúdio de gravação/produção o que nos deixou muito interessados. Depois de alguns contactos entre ambas as partes, decidimos enviar o álbum para ser masterizado pelo Jochem e o resultado deixou-nos muito satisfeitos.

Pelo que soube o álbum não vai ser (pelo menos a breve prazo) publicado em formato físico. Porquê essa opção? A aguardar por editora?

Nós estamos em constante composição de material para futuras oportunidades e, de momento, achamos que não se justifica a edição de autor. Estamos em contacto com várias editoras que mostraram interesse na promo do álbum o que deixa no ar a possibilidade dum lançamento em formato físico. A Lad Records mostrou interesse no lançamento digital do nosso trabalho e decidimos apostar nisso. Até ao momento estamos satisfeitos mas num próximo lançamento é garantida a edição física para além do lançamento digital.

Quanto à edição digital, como podem os interessados ter acesso?

O álbum encontra-se disponível nas maiores plataformas de venda online. São exemplos disso o iTunes, E-music, Napster, e a Fnac online. Existe também a possibilidade de adquirir o albúm através do nosso site oficial e, brevemente, através do nosso myspace.

Qual a receptividade que está a ter “Formula”? Que tipo de opiniões vos têm chegado?

Eu penso que está a ter uma boa receptividade. Tenho a noção que não é um som “fácil” para qualquer ouvido e, talvez por isso, seja melhor aceite no estrangeiro do que cá no “burgo”. Ainda assim temos tido muito boas criticas a nível nacional e desde já agradeço a todos quanto se deram ao trabalho de ouvir o nosso álbum. As criticas são bastante positivas e todo o feedback que obtivemos até agora também. O pessoal elogia as passagens “jazzy” e a originalidade que, na opinião deles, conseguimos realçar. Tem sido gratificante e ainda só estamos numa fase inicial da promoção que queremos dar ao nosso projecto.

Em termos de concertos parecem-me estar um pouco parados… Como pensam promover o álbum? Existe algo na manga?

Estamos a tentar organizar uma tour nacional que irá certamente seguir a rota “normal” das coisas. Entretanto, foram surgindo uns contactos internacionais e, nesse sentido, estamos na expectativa para posteriormente não termos que cancelar datas. Mas brevemente iremos fazer o lançamento oficial com um concerto ao vivo que se irá realizar, por principio, no Musicbox em Lisboa. A tour nacional é um dos nossos objectivos e vamos tentar que se realize o mais breve possível.

Não é muito usual uma banda de metal portuguesa explorar elementos Jazz, como vocês o fazem. De onde surgiram essas influências?

Essas influências surgem naturalmente. Todos gostamos de Jazz e, como tal, gostamos de introduzir esse elemento nas nossas composições. Gostamos de diversificar e de ultrapassar limites ao nível da composição dentro do Death Metal e a introdução de elementos Jazz permite explorar outras linguagens de composição. O Jazz faz parte da nossa aprendizagem como músicos e queremos que isso esteja presente nas nossas músicas.

Para finalizar agradecia uma auto-critica vossa a “Formula”…

Depois de tanto tempo a trabalhar neste álbum e com a ajuda das criticas por parte do pessoal, estamos a compilar toda a informação para posteriormente avaliarmos com calma os aspectos menos positivos e aquilo que nos interessa realmente alterar numa futura gravação. Até agora decidimos introduzir nas nossas composições partes com vocalizações melódicas ao invés de ter o constante gutural ou “berro” se assim lhe quiserem chamar. Era algo que já tínhamos pensado e planeado fazer e decerto irá acontecer no nosso próximo trabalho. Vamos explorar também um maior peso e agressividade ao nível das guitarras e a introdução de instrumentos alheios aos “habituais” numa banda de metal serão também introduzidos no futuro. Na nossa opinião são algumas das lacunas deixadas acidentalmente ao acaso neste trabalho e, como somos adeptos do perfeccionismo, iremos trabalhar no sentido de melhorar e introduzir vários elementos novos para complementar o nosso som.

Queremos agradecer ao Paulo Trindade e a todo o staff do “Lusitania de Peso” pela critica ao nosso trabalho e pela entrevista. Um obrigado também a todos quanto apreciam e criticam o trabalho de Sacra. Vemo-nos na estrada! Cheers!

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